quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

FELIZ LIVRO NOVO!

"Quando 2011 começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
Você podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em branco, e nele você podia colocar um poema, um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração. Podia...
Hoje não pode mais; já não é seu.
É um livro já escrito... Concluído.
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e você não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto, antes que 2011 termine, reflita, tome seu velho livro e o folheie com cuidado. Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência; faça o exercício de ler a você mesmo. Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que você usou seu melhor estilo. Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito. Não, não tente arrancá-las. Seria inútil. Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue. Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superficie do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije-o. Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do Criador. Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras: Obrigado e Perdão!!!
E, quando 2012 chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco todo seu, no qual você irá escrever o que desejar..."
(Desconheço a autoria do texto.)
FELIZ LIVRO NOVO !

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ENTÃO É NATAL

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, do amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem
Então é Natal, pro enfermo e pro são
Pro rico e pro pobre, num só coração
Então bom Natal, pro branco e pro negro
Amarelo e vermelho, pra paz afinal
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem
Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, o amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem

Harehama, há quem ama
Harehama, ha...
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa, ha...
É Natal, é Natal, é Natal

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FILHOS SÃO COMO NAVIOS


Ao olharmos um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora.

Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos.

Dependendo do que a força da natureza lhes reserva, poderá ter que desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos.

Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas.
E haverá muita gente no porto,
feliz à sua espera.

Assim são os FILHOS.
Estes têm nos PAIS o seu porto seguro até que se tornem independentes.
Por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr seus próprios riscos e viver suas próprias aventuras.

Certo que levarão consigo os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola, mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um:
A CAPACIDADE DE SER FELIZ.
Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém.

O lugar mais seguro que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali.

Os pais também pensam que sejam o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los para navegar mar a dentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres.

Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem devem levar VALORES herdados como:
HUMILDADE, HUMANIDADE,HONESTIDADE, DISCIPLINA, GRATIDÃO E GENEROSIDADE.

Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles.

A FELICIDADE CONSISTE EM TER UM IDEAL A BUSCAR E TER A CERTEZA DE ESTAR DANDO PASSOS FIRMES NO CAMINHO DA BUSCA.

Os pais não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram.

Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como os navios, partirem para as próprias conquistas e aventuras.
Mas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que:
“QUEM AMA EDUCA”.

“COMO É DIFÍCIL SOLTAR AS AMARRAS”
Autoria: Içami Tiba

domingo, 11 de dezembro de 2011

CANÇÃO QUE DEU ORIGEM AO NOME DA CIDADE


CANÇÃO A MARINGÁ
Letra e Música de Joubert de Carvalho
Foi numa leva
Que a cabocla Maringá
Ficou sendo a retirante
Que mais dava o que falá.

E junto dela
Veio alguém que suplicou
Prá que nunca se esquecesse
De um caboclo que ficou

Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
Tudo aqui ficou tão triste,
Que eu garrei a imaginá

Maringá, Maringá
Para havê felicidade.
É preciso que a saudade
Vá batê noutro lugá

Maringá, Maringá
Volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
De um cabloco assosegá.

Antigamente
Uma alegria sem igual
Dominava aquela gente
Da cidade de Pombal

Mas veio a seca
Toda a chuva foi-se embora
Só restando então as águas
Dos meus óio quando chóra

Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
Tudo aqui ficou tão triste,
Que eu garrei a maginá

Maringá, Maringá
Para havê felicidade.
É preciso que a saudade
Vá batê noutro lugá

Maringá, Maringá
Volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
De um cabloco assosegá.

Maringá - Cidade canção

Estacionamento em frente do Fórum - Maringá

Aeroporto de Maringá

Parque do Japão - Maringá

Parque do Japão - Maringá

Teatro Kalil Haddad

Parque do Ingá

Parque do Ingá - Maringá

Parque de Exposições Feio Ribeiro

Maringá - Minha cidade

Estádio Willie Davids-Maringá

Catedral N. S. da Glória - vista noturna

Imagens de Maringá - Minha cidade linda

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Respeite as diferençasa

Conta-se que vários bichos decidiram fundar uma escola. Reuniram-se e começaram a escolher as disciplinas. O pássaro insistiu para que o voo entrasse. O peixe, para que o nado fizesse parte do currículo também. A toupeira achou que cavar buracos era fundamental. O coelho queria de qualquer jeito a corrida.
E assim foi...
Incluíram tudo, mas cometeram um grande erro. Insistiram para que todos os bichos praticassem todas as disciplinas. O coelho foi magnífico na corrida, ninguém corria como ele. Mas queriam ensiná-lo a voar. Colocaram-no numa árvore e disseram: - Voa, coelho! Ele saltou lá de cima e quebrou as pernas. Não aprendeu a voar e acabou sem poder correr também. O pássaro voava como nenhum outro, mas o obrigaram a cavar buracos como uma toupeira. Quebrou o bico e as asas, e depois não conseguia voar tão bem, nem cavar buracos.
Moral da história:
Todos nós somos diferentes. Cada um tem uma coisa de bom. Não podemos forçar os outros a serem parecidos conosco. Desta forma, acabaremos fazendo com que eles sofram, e no final, não serão nem o que nós queríamos, nem o que eles eram em sua essência.
(Desconheço a autoria)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Companheiros de luta do meu colégio

Pose no almoço do Dia do Professor. Companheiros de luta para um ensino de qualidade. Pena que faltou a metade deles.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Adversário da felicidade


Eles formavam um casal harmônico. Jovens e belos desfilavam pelas ruas de mãos dadas e sorrisos nos lábios.
Tudo parecia lhes sorrir. Profissionais liberais, administravam sua agenda de forma que a profissão não lhes tomasse todas as horas.
Escoavam os meses e se reprisavam os anos de gentilezas, traduzindo carinhoso afeto.
Até que um dia, um cliente mais ousado tomou atitudes indevidas e, embora fosse rechaçado com firmeza pela jovem esposa, o esposo se encheu de ciúmes.
A partir de então, o relacionamento começou a deteriorar. Ele se tornou frio para com ela. Os diálogos amigos se transformaram em monossílabos forçados.
Ela passou a agasalhar mágoa no seu coração.
Finalmente, optaram pela separação. A pedido dela, ele saiu de casa. Agora se encontravam somente no campo profissional, pois trabalhavam no mesmo local.
As noites solitárias começaram a se tornar intermináveis e ele passou a sentir a falta dela. Analisou os motivos da separação e descobriu que havia sido muito infantil. Resolveu pedir desculpas e retornar ao lar.
Em uma noite, decidiu que, ao se erguer pela manhã, iria até uma floricultura, compraria lindas flores e as remeteria para a sua amada.
Escolheu versos cheios de amor para esconder entre o ramalhete delicado:
Alma gêmea da minh'alma.
Flor de luz da minha vida.
Sublime estrela caída das belezas da amplidão.
És meu tesouro infinito.
Juro-te eterna aliança.
Porque eu sou tua esperança.
Como és todo o meu amor.
Adormeceu pensando em como se ajoelharia aos seus pés, confessando-lhe o amor que sentia.
Quando amanheceu o dia, vestiu-se, perfumou-se e foi até a frente da casa. Então, se sentiu um tolo romântico.
E se ela não o perdoasse? E se ela não estivesse disposta a reatar o relacionamento?
Afastou-se. Durante todo aquele dia a ideia não lhe saía da cabeça. Afinal, ela estava ali, tão perto, trabalhando na outra sala. Não encomendou as flores. Mas leu e releu os versos que escrevera. Chegou a noite, cheia de estrelas.
O quarto de hotel parecia sufocá-lo. Saiu, comprou flores, escreveu os versos em lindo cartão e se dirigiu para a casa dela.
A passo acelerado, foi chegando. Tinha na mente, para sair pelos lábios, todas as frases de perdão e juras de amor.
Com o coração em descompasso, bateu à porta. A empregada atendeu chorosa e vendo-o, apontou para o interior da sala.
A jovem tivera um problema cardíaco e morrera. As flores que ele levava serviram para lhe adornar o caixão. Mas os versos que ele fizera, esses ele não poderia jamais declamar aos seus ouvidos. Era tarde demais...
*  *  *
O ciúme é perigoso adversário. Tem a capacidade de destruir relações afetivas, ferindo os que a ele se entregam.
Se você já se permitiu dominar por ele, pense em quanto já perdeu em oportunidades de ser feliz. Quantas vezes se tornou frio, agressivo. Quantas vezes magoou e se sentiu magoado.
E tome uma decisão imediata. Abandone esse sentimento e retorne às fontes generosas do amor. Só quem ama é feliz e faz os outros felizes.
Redação do Momento Espírita, com reprodução de versos
extraídos do cap. 4, pt.2, do livro Há dois mil anos, pelo
 Espírito Emmanuel, psicografado por 
Francisco Cândido Xavier.

sábado, 5 de novembro de 2011

Igreja Matriz de Pitangueiras

Nesta igreja assistia à missas todos os domingos. Aqui fui batizada, crismada e fiz a primeira eucaristia.(foto encontrada no Google)

Pitangueiras- Pr - Minha cidade natal

Minha cidade natal. Foi aqui que nasci, vivi minha infância e metade de minha adolescência. (foto encontrada no Google)




Traquinagem de criança




             
“A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo”.
(Augusto Cury)

            Certamente o maior privilégio do ser humano é poder navegar em suas lembranças, como se viajasse no túnel do tempo, trazendo das profundezas do subconsciente, fatos vividos, experienciados ou presenciados por toda a sua trajetória de vida.
            Muitas vezes na calada da noite, quando o sono demora a chegar, cenas de minha infância e adolescência desfilam pela minha mente, tão nítidas que até parecem ter acontecidas ontem, no entanto, lá se vão quase meio século.
 Um dos episódios de que sempre me lembro e que marcou minha vida, foi o do dia em que meu irmão Neno, pôs fogo na nossa casa.
            Era manhã de primavera. Após uma noite chuvosa, com fortes ventos e raios assustadores que duraram quase toda a madrugada, o sol surgia por trás da gigantesca figueira que demarcava, do lado leste, o limite de nosso sítio com o sítio vizinho. Com seus raios de um esplendor tão intenso, como sempre acontece após a chuva que lava toda a poeira do ar e o resto do cinzento deixado pelo inverno. O cheiro da terra roxa molhada, misturado com o perfume dos eucaliptos que havia nas proximidades da nossa casa, extasiava o meu ser de inocente criança.
            Minha mãe, naquela época, só havia posto ao mundo a metade da sua prole. Eu, a terceira filha de meus pais, contava com apenas cinco anos de idade. Malia, minha irmã mais velha, já havia ido à escola na pequena cidade de Pitangueiras, a dois quilômetros de distância do nosso sítio. Lala, minha irmã um ano mais velha que eu, estava escondida atrás da casa, chorando, após ter levado umas chineladas de minha mãe, por ter novamente feito xixi na cama. Rara era a noite que não molhava o colchão. Lembro-me muito bem desta cena. A juventude corria pelas veias de minha querida mãe, que naquela manhã, madrugara como de costume, e ainda com a claridade da lamparina a querosene, já havia ajudado meu pai a ordenhar as vacas, preparado o leite para o queijo que fazia todos os dias para o nosso consumo e aprontado minha irmã mais velha para a escola.  Ela saiu à janela, espiou o céu de um azul tão profundo, viu que não ia mais chover. Então resolveu lavar os forros dos colchões das crianças, que naquele tempo, os de molas ou espumas eram para poucos, eram considerados artigos de luxo. Os nossos eram costurados por ela mesma e enchidos com palhas secas de milho, desfiadas e limpas. Frequentemente minha mãe fazia essa tarefa, pois, também naquela época, não podia contar com o conforto das fraldas  impermeáveis e descartáveis de hoje.
            Após descosturar um dos lados do colchão, despejou as palhas em um canto do quarto e saiu à porta da cozinha para lavá-lo. Pouco tempo depois, Neno, meu irmão um ano mais novo que eu, garoto esperto e traquina, igual, acho que nunca ninguém viu, pois enquanto estivesse acordado, estava ele fazendo traquinagens. Ao ver o monte de palhas, imediatamente sua cabecinha começou a funcionar. E como funcionava!  Sem ser visto, pegou uma caixa de fósforos de cima do fogão à lenha, entrou quietinho no quarto. Riscou um, dois, três palitos. Na sua pequenez, ainda não tinha forças suficientes para acender os fósforos. Tentou mais um pouco e conseguiu. Pouco a pouco o fogo se espalhou na palha seca e foi ganhando altura. Assustado, saiu correndo, olhos arregalados como sempre ficava quando acabava de praticar alguma travessura. Foi até onde estava nossa mãe, que tirava água do poço movido à bomba e falou:
            _ Mãe, tem fogo na “paia”!
            Minha mãe de início não entendera aquelas palavras quase sussurradas. Segundos depois, sentiu o cheiro de alguma coisa queimando, olhou para dentro de casa, viu fumaça saindo pela porta da cozinha. Imediatamente largou de bombear o poço, saiu em desespero casa a dentro. Correu ao quarto. O fogo atingia a cama e línguas de fogo lambiam a cumeeira do quarto. Lembrou-se do bebê que dormia no quarto ao lado. Desesperada e aos gritos, tomou a pequena Leo nos braços, arrastou a Cinda para fora e  pediu que eu e a Lala, que nesta hora já parara a sua manha, cuidássemos das pequenas. Minha mãe lutava como uma leoa, sozinha para vencer o fogo. Nós éramos muito pequenos ainda e meu pai  estava na lavoura de café.  Já sem forças de tanto bombear a velha bomba d’água, da qual corria apenas um filete de água, viu que não conseguiria dominar o fogo. Desesperada, elevou as mãos para o céu e implorou à Virgem Senhora Aparecida que lhe desse forças e a ajudasse a vencer o fogo. Foi então que lhe veio à mente como que em resposta as suas preces, abafar o fogo com tachos, bacias e outros objetos pesados e não combustíveis. Assim ela conseguiu dominar o fogo.  Nós, amedrontados, uma mistura de choro, pavor e curiosidade, fomos adentrando a casa. Chegamos à porta do quarto, vimos os móveis  chamuscados em alguns pontos e as paredes enegrecidas pela fumaça, não mais que isso. Das palhas só sobraram cinzas. Minha mãe ainda toda trêmula, sem forças, sentou-se na escada da porta da cozinha, abaixou a cabeça entre os joelhos e chorou.
            Foi a primeira vez que vi minha mãe chorando, também foi a primeira e única vez que a vi toda descabelada, rosto sujo de fuligem. Ela havia perdido seu lenço de cabeça com o corre-corre. Eu não sabia o que fazer, era muito criança, todavia, não queria ver a minha mãe chorando. Achei o seu lenço caído pelo meio do caminho, fui até ela, depositei-o em seu colo, descansei minha mão em seu ombro e murmurei:
            _ A mãe salvou a nossa casa. Apagou o fogo sozinha!
            Ela enxugou as lágrimas, como que envergonhada por estar chorando, pegou o bebê do colo de Lala, conferiu se todos estávamos bem e perguntou:
            _ Cadê o Neno?
            Ele estava escondido atrás do paiol, provavelmente com medo da surra que ia levar pela traquinagem feita e que realmente levou, assim que meu pai retornou da roça para o almoço, e tão logo mamãe e nós o colocamos a par do fantástico acontecimento.



            Lourdes Aparecida Galhardo Peres.
Setembro/2004.


Observação: Foram utilizados os apelidos no lugar dos nomes de meus irmãos, por se tratar de história real.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quando florescem os ipês


Como é bonito ver o ipê que flora,
 Pelo cerrado no mês de agosto.
 Com tanta seca, tanto cinza exposto
 E tanta aridez pelo campo afora,

 O Amarelo-Roxo, abre, revigora
 Feito um doce alento a bater no rosto
 Como se Deus ali tivesse posto
 Um sopro de vida, num mundo que chora.

 Olhando o cerrado, penso agora em mim!
 Ando distorcido, ando tão descrente
 Como há muito tempo, não me via assim.

 Mas minha cabeça, esperançosa vê,
 Que no meio de tudo in-sis-ten-te-men-te
 …Flora lá bem longe…um pequenino ipê…

 (Jenário de Fátima)

Esta foto tirei em julho na Praça Olímpica, pertinho de casa

sábado, 22 de outubro de 2011


O Verme
(Lourdes A. Galhardo Peres)
Ainda fazia escuro quando Severino acordou no velho barraco. Abriu os olhos aos poucos, tateou o travesseiro ao lado, sentiu-o vazio. Só então se lembrara de que Rosa fora embora. Rosa fora embora porque não aguentava mais aquela vida miserável. Era bonita demais para ficar.
            Veio-lhe à boca um gosto ocre e o estômago revirou-se numa ânsia ardente. Os olhos inundados de lágrimas que  teimavam em rolar pela face, mas ele não admitiu: __ homem não chora,  pensou, muito menos por uma ingrata. Apertou-lhe os lábios, mordeu-os com mais força até sentir gosto de sangue. Continuou deitado, alisando o travesseiro vazio. Esperou para ouvir o canto do galo  anunciando a hora costumeira de se levantar. Achou que estava demorando muito. Pouco a pouco foi recuperando os sentidos, então se lembrou que há dois dias fizera do galo o jantar para as crianças.  Levantou-se: sou um homem ou  um verme? Pensou. Catou do chão e enfiou lentamente as velhas calças já muito puídas pela constância do uso. Tateou pelas paredes da cabeceira da cama, até encontrar a camisa que deixara na véspera, pendurada num prego. Vestiu-a. O cheiro de suor misturado ao cheiro de sangue seco do galo causou-lhe náuseas. Lembrou-se novamente da mulher. Agora com tanta raiva que se a encontrasse pela frente seria capaz de matá-la.
            __Ingrata!
            Foi até a cozinha. A pia estava abarrotada de cacarecos de quase três dias sem lavar. Lavou com dificuldade uma caneca e levou-a com água ao fogo para o café da manhã. Enquanto fervia a água, lavou o rosto no tanque de roupas que havia na pórta da cozinha. Chacoalhou  água na boca, duas ou três vezes,  passou as mãos úmidas nos cabelos que há  tempos começaram a  ficar grisalhos. Viu sua imagem refletida num pedaço de espelho, corrompido com as marcas do tempo que mal dava para se ver, fixado na parede acima do tanque que em outros tempos usava para se barbear. Pareceu assustar-se com a própria imagem:
__ Sou um homem  ou um verme?
Entrou, foi coar o café. Não tinha mais pó. Fuçou nas latas do velho guarda-comida a procura de algum chá que Rosa costumava guardar. Nada achou. Praguejou qualquer coisa, desligou o fogo. Enfiou as mãos nos bolsos na esperança de encontrar algum dinheiro.
            __ Que vida, meu Deus!  Quanto tempo estou  sem trabalho? Rosa tinha razão. Ela era bonita demais para ficar aqui nessa miséria. Mas, se ao menos ela tivesse levado as crianças!... Eu tenho que arranjar um trabalho, quem sabe ela volta pra casa... Não, ela não me merece. Ou será eu que não a mereço? Sou um verme.
            Entrou no quarto das crianças, viu os dois meninos que dormiam na inocência de criança, um arrepio percorreu-lhe a espinha, beijou-os de leve,  saiu encostando a porta.
            No horizonte os primeiros raios de sol se mostravam radiantes. Severino pisava a lama do chão, deixada pela chuva do dia anterior e de  quase a noite inteira. Sentiu um arrepio frio quando o barro entrou pelos furos das solas do velho par de sapatos. Caminhava decidido a arranjar algum trabalho. Tinha que melhorar de vida. Parava em tudo quanto era construção, pois a única coisa que sabia fazer era o ofício de servente de pedreiro, todavia, com essa recessão que o país vinha enfrentando, nada conseguia desde o dia em que fora mandado embora da construtora. Já ia para quase dois anos. Mas,  em cada lugar que parava, olhavam-no de alto a baixo como a dizer:
            __ Sai pra lá farrapo de homem, você não aguenta nem com um tijolo, como quer trabalho?
            Saía cabisbaixo. Foi o dia inteiro nessa labuta. Sua barriga roncava de fome. Alguém, por piedade, lhe dera uns trocados. Enfiou a mão no bolso e sentiu as moedas. Uma ramela no canto dos olhos deslizou  pelo rosto misturada às lágrimas. Limpou-as com as costas das mãos __ homem não chora! Murmurou. Entrou no primeiro boteco que viu, pediu cachaça dupla. Uma velha escabelada, os lábios de um vivo carmim, aproximou-se dele cheirando a tabaco e perfume barato. Severino lembrou-se do gostoso cheiro de Rosa e sentiu  nojo da velha. Tomou a cachaça em um só gole. A danada desceu queimando  goela abaixo. Sentiu reconfortado. Pediu mais uma, mais outra e outras. Pouco tempo depois sentiu a vista turvar,  a língua grossa e pastosa.  Saiu  do boteco cambaleando para lá e para cá. As imagens a sua frente eram ora duplas ora retorcidas.
            Foi num desses momentos, ao atravessar a Avenida São João, ouviu um barulho de motor muito próximo. Virou a cabeça para identificar a distância. Tarde demais. Sentiu um forte impacto à atura dos rins. Seu corpo foi atirado a alguns metros, após rodopiar no ar. Ouviu som de sirene, muitas pessoas se acotovelavam  em volta dele. Vários policiais foram chegando. Ouviu um dizer:
__ Esse já era.
Quis gritar que estava vivo. Gritou, gritou, mas ninguém parecia ouvi-lo. Viu  dois homens de branco chegarem com uma espécie de padiola, viraram-no de barriga para cima, sentiu algo quente escorrer por baixo dele. Pensou  ser sangue, porém não sentia dor nenhuma, só uma zonzeira danada. Os dois jogaram-no na padiola e levaram-no até um carro preto. Letras dançavam na lataria do negro furgão, ele identificou como  IML. Seu subconsciente gritava  mais forte:
__ Tirem-me daqui, deixe-me sair. Eu tenho filhos esperando por mim. Onde vocês estão me levando seus idiotas?
De repente sentiu que o colocaram numa espécie de armário. Fecharam a porta, tudo ficou muito escuro. Poucos minutos sentiu um frio intenso, um frio que parecia congelar até a alma. __ Alma? Sou um verme, ainda pensou. Verme não tem alma, ou tem? Uma espécie de torpor invadiu o seu ser, nada mais sentiu.
Não sabe quanto tempo ficara ali. Pouco a pouco, esquisitas sensações vinham-lhe à mente. Não sentia mais frio, no entanto parecia sentir-se  sufocado. Queria gritar, mas a voz não lhe saía. Então pensou: __ Sou um verme!  Não demorou muito tempo,  sentiu vermes entrarem em suas carnes, penetravam em cada poros do seu corpo num frenesi infernal.








quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A vida mudou de direcção,
sem aviso prévio…
Tentas compreender os novos rumos por ela tomados.
Consultas mapas de navegação
E bússolas que não te indicam o Norte…
Perguntas sem respostas
Inundam a tua realidade
E flutuas num mar de incertezas
Onde navegas sem ter controlo do leme,
Encontraste á deriva.
Sem conseguires mudar as direcções do vento,
Tentas ajustar as velas para que este se torne favorável.
Torras ao sol, enfrentas marés e a fúria do vento.
Gritos de alma
Percorrem mundo.
Sentes-te atraiçoado
Revoltas-te contra o tempo
Amaldiçoando o dia em que entraste em tal
Caravela,
Cujas promessas aliciantes
Se tornaram em pesadelos
Reais e cortantes.

(desconheço a autoria)

REMAR



REMAR

Os sonhos da vida 
A vida do amor
O amor da pureza
Como a pureza da flor.

A flor sem perfume
O perfume da morte
A morte de alguém
Que não fora forte.

A força do adeus
O adeus sem por quê
O porquê eu respondo
Eu amo você.

Você de doçura
Como a doçura da dor
A dor sem estragos
De um grande Amor.

O amor sem ilusão
A ilusão de chegar
Chegar mais depressa
Para eu mais te amar.

Amar sem piedade
A piedade divina
O Deus da Esperança
O remo dos sonhos meus.
O remo dos sonhos meus



domingo, 16 de outubro de 2011

Conto


O comer de minha mãe

Desde criança sempre me fascinou o comer de minha mãe.
Não estou me referindo as refeições preparadas por ela, que aliás, nunca fora uma cozinheira de pratos sofisticados, poucas iguarias ela sabe preparar, mas o que prepara, as refeições simples da gente do campo, sempre fora para mim a melhor comida que qualquer ser tenha provado na face da terra.
Minha mãe prepara uma abobrinha com jiló, um afogadinho de quiabo, um cozido de cará que ninguém resiste. Seu arroz com feijão podem ser degustados sozinhos, isto é, sem acompanhamentos nenhum, que você se sente deliciado. E sua macarronada então? Até hoje nunca comi melhor. Por mais que suas filhas, e eu me incluo entre elas, tentam imitar, nunca fica igual à macarronada dela. Esse é o prato sagrado de todo almoço de domingo em sua casa. Ela só sabe fazer dois tipos de macarronada: macarronada com frango -- quando utiliza o frango caipira é ainda mais divino – e macarronada com molho de picadinho de carne bovina. Cá comigo, eu acho que ela põe um quê de mistério em seus molhos que cativa a gente. Não é por ser minha mãe, mas quem come da sua macarronada nunca mais esquece. Ah, e a sua batatinha frita! Só de lembrar fico com água na boca. A batatinha frita de minha mãe não é como essa em palito tipo Mc donald’s, nem a batata sequinha que estala na boca, tipo essas servidas nas quermesses das igrejas. A batata frita de minha mãe é cortada em rodelas, com quase meio centímetro de espessura, frita na banha de porco ou azeite, fica tão suculenta, saborosa e macia por dentro que você nunca mais esquece.  E o pão da minha mãe! Dizem que todas as mulheres italianas ou descendentes de italianos como ela são meio fadas ou meio bruxas no preparo das fornadas de pães. Será mesmo verdade? Não sei. Só sei que sinto muitas saudades dos pães que minha mãe fazia.
Lembro-me de quando éramos crianças eu e meus irmãos revezávamos no cilindro, enquanto ela ia passando a massa uma infinidade de vezes, até que ficasse completamente lisa, quase translúcida. Nós que nem forças tínhamos direito para girar o cilindro, às vezes precisávamos de uma terceira mão para conseguirmos dar cabo de passar toda a massa. Fato que seria fácil de resolver se a minha mãe dividisse a massa em mais pedaços. Mas ela aprendera com a mãe dela dividir todo conteúdo de um pacote de farinha de cinco quilos em apenas três vezes. Ou talvez seria a pressa de terminar de cilindrar a massa?  Entretanto, valia a pena quando o pão saía do forno. Quantos elogios ela recebia, quando servia às comadres domingueiras, seus pães com o saboroso café colhido, pilado, torrado e moído por nós mesmos.
Minha mãe, mulher humilde e vaidosa ao mesmo tempo, ágil e esperta em tudo, mas que tais qualidades não se aplicam na hora de comer. Como já disse caro leitor, o comer de minha mãe até hoje me encanta, me fascina. Na sua simplicidade ela pega seu prato, senta numa cadeira em um canto da cozinha -- dificilmente senta à mesa – e com o prato sobre as pernas, começa o seu ritual. Move ligeiramente seus lábios numa oração de agradecimento e toma do garfo e começa a “arte de comer”.
Chamo de arte porque ela vai trabalhando o garfo girando a comida de lá pra cá, de cá pra lá, numa infinidade de vezes como se estivesse mexendo e remexendo o café no terreirão ou ainda como faz uma choca ciscando a quirera na terra para alimentar seus pintainhos. É isso que me fascina! Esse frenesi que ela trabalha o garfo, só interrompendo quando leva as garfadas à boca e, enquanto mastiga demoradamente, absorta, volta o incessante bailado do garfo no prato. Penso que enquanto ela come, imita em sua mente à lembrança de uma valsa que nunca dançou.

Texto escrito dia 08 de março de 2011, Dia internacional da Mulher,  em homenagem à minha mãe.

Lourdes Aparecida Galhardo Peres.

sábado, 15 de outubro de 2011

Dia do Professor

Quem é?
Quem é esse estranho personagem?

Homem ou mulher, velho ou moço, que em sua ação é ao mesmo tempo músico e regente?


Quem é essa estranha figura que em seu trabalho chora e ri, fala e escuta, conta e encanta?


Quem é esse ator que precisa entusiasmar o grupo e ao mesmo tempo atender o apelo individual?


Precisa manter a ordem sem perder a serenidade; falar a todos, ouvindo a cada um?


Quem é esse estranho personagem?


Quem possui a indômita magia para ajudar que todos desabrochem e se expressem, aprendam e se transformem, construam e sonhem?


Quem é esse estranho malabarista que necessita se equilibrar entre conteúdos e competências, limitando excessos, favorecendo autonomia, acordando inteligências, provocando pensamentos?


Quem é esse anjo que empresta a filho dos outros, o tempo que para os seus não tem e que cobrado pelos desafios da vida sempre dura, não consegue apagar a emoção que a rotina propicia?


Quem é esse estranho personagem?


Que necessita sempre resolver, saber, decidir, propor, desafiar sem oportunidade de perder o instante, sem o recurso de deixar para depois?


Quem possui essa aura para esgotado, renovar esforços; combalido encontrar energia? Quem pode, ao entrar em cada classe, refazer-se novo como se aquela fosse a única?


Quem é esse estranho personagem?


Que aprende a empatia que ensina, pratica a solidariedade que prega, administra a progressão do currículo que deseja, avalia com olhar abrangente, vibra com sucessos que não são seus.


Quem é esse distribuidor de sementes que não colhe para uso próprio os frutos que plantou?


Quem é esse estranho personagem?


Quem é esse teimoso otimista que confia no aluno, que acredita no amanhã, que espera sempre pelo sonho?


Quem é esse estranho personagem?


Se ignorar a resposta, busque no espelho prezado professor...


(Celso Antunes)


PARABÉNS PARA NÓS!
Aos Professores


As bolas de papel na cabeça,

os inúmeros diários para se corrigir,
as críticas, as noites mal dormidas...
Tudo isso não foi o suficiente
para te fazer desistir do teu maior sonho:
Tornar possíveis os sonhos do mundo.

Que bom que esta tua vocação

tem despertado a vocação de muitos.
Parece injusto desejar-te um feliz dia dos professores,
quando em seu dia-a-dia
tantas dificuldades acontecem.

A rotina é dura, mas você ainda persiste.

Teu mundo é alegre, pois você
consegue olhar os olhos
de todos os outros e fazê-los felizes também.

Você é feliz, pois na tua matemática de vida,

dividir é sempre a melhor solução.
Você é grande e nobre, pois o seu ofício árduo lapida
o teu coração a cada dia,
dando-te tanto prazer em ensinar.

Homenagens, frases poéticas,

certamente farão parte do seu dia a dia
e quero de forma especial, relembrar
a pessoa maravilhosa que você é
e a importância daquilo do seu ofício.

É por isto que você merece esta homenagem

hoje e sempre, por aquilo que você é
e por aquilo que você faz.

Feliz Dia dos Professores



Autor: desconhecido