segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SOLIDÃO (Chico Buarque de Holanda)

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar,  passear ou fazer sexo... 
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... 
Isto é saudade. 
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos.. Isto é equilíbrio. 
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.  
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... 
Isto é circunstância. Solidão é muito mais do que isto.
 Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.... 

Francisco  Buarque  de  Holanda

terça-feira, 24 de janeiro de 2012



Gaivotas fotografadas por mim em Roma no alto do Monumento ao Soldado desconhecido em 01/2012
Gaivota fotografada por mim no Cais de Cascais - Portugal

Alexandre O´Neill : Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.